Conversa com Luís Borges Gouveia – O Digital e o Território

A entrevista mais recente do Porto em Conversa foi com Luis Borges Gouveia e teve como mote as relações entre o digital e o território.

Luís Borges Gouveia é professor associado da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Fernando Pessoa, autor de vários artigos e livros que têm como fio condutor os sistemas e informação e a sua relação com a sociedade.

Um dos pontos interessantes desta entrevista é a aparente inversão de importância na relação digital / território.
Apesar do nosso mundo ser cada vez mais digital, na opinião de Luis Borges Gouveia, “face a um mundo cada vez mais plano, a luta pela qualidade de vida (…) é conseguida principalmente quando nós conseguimos ser polos de atracção e para isso temos que cuidar do nosso território” daí “a importância do local fisico para sustentar o digital”.

Duração total – 37:29
Podem descarregar o programa directamente ou subscrever o podcast.

Um dos objectivos desta entrevista era explorar alguns dos seus trabalhos mais antigos nomeadamentos os que eram relacionados com cidades digitais e realizados no inicios dos anos 2000 e compará-los com a realidade actual.

Estes projectos apesar de terem uma vertente tecnológica forte tinham também uma ideia mais utópica por trás, nomeadamente perceber “como seria interessante aproveitar o crescente aparecimento e globalização de computadores e redes para ordenar a cidade e torna-la um espaço menos angustiante”.

Ainda segundo Luis Borges Gouveia, Uma das formas pela qual a tecnologia pode ter um contributo positivo nesta relação com o território é proporcionando “meios de observação da realidade e de proporcionar dados o mais próximos possíveis da realidade”.
A ideia é melhorar o autoconhecimento dos territórios e fornecer dados concretos para que os decisores posssam avaliar a eficiência e eficácia das acções que se levam a cabo.

Até porque numa altura em que os ciclos (de conhecimento, de decisão, …) vão sendo cada vez mais curtos não faz sentido continuarmos dependentes só de fontes de dados como os censos (de dez em dez anos) ou outras com um período de latência elevado.

Em parte esta opção assume que há outros possíveis contribuidores de informação que podem ser considerados e que através de algumas ferramentas da chamada web2.0 conseguem contribuir com conteúdos relevantes para esta temática da gestão do território.

No entanto, na opinião de Luis Borges Gouveia, esta tendência de aparente equalização das capacidades dos cidadãos em relação ao que habitualmente era atribuido a empresas e estados tende a retirar responsabilidade a quem a deverá ter. Nas suas palavras, “um dos problemas é que estamos a tornar tudo muito igual e com isso diluimos a responsabilidade (…), estamos retirar a responsabilidade a quem tem essa responsabilidade”.
É por isso importante ter em atenção que “a participação é um momento, e a gestão é outro momento” pelo que esses processos devem ser encarados de forma diferente.

(Imagens cedidas pela Cidade Surpreendente – aquiaqui)

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