Olhares Cruzados sobre o Porto VII – Vieira da Silva

A intervenção de Vieira da Silva, actual Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, na terceira sessão dos Olhares Cruzados sobre o Porto VII, dedicado ao tema da economia na região Norte centrou-se na apresentação dos factores que levaram à situação actual e à apresentação da estratégia para a ultrapassar que deverá passar por fortes sectores exportadores que criem riqueza e que criem capacidade de gerar uma procura dirigida aos bens e serviços não transaccionaveis.”

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Duração total: 31:51

Começando por referir que nos últimos 10 anos, a região Norte é a única que perde emprego (-0,6%), Vieira da Silva apresentou três prováveis causas para isto e para o relativo mau estado da nossa economia.
Em primeiro lugar o défice externo que indicou como “o maior obstaculo à libertação da capacidade de crescimento da nossa economia”, depois também as mudanças das condições de concorrência da nossa economia, seja na competição entre mercados ou na própria capacidade de utilizar instrumentos de política económica e finalmente a crise actual.

Estes factores vieram todos potenciar uma situação que já se verificava de uma taxa de desemprego que no Norte era já habitualmente mais elevada que a média nacional e que assim ainda aumentou essa diferença.
Também a reorganização da actividade produtiva teve a Norte alguns impactos maiores que no resto do país, por exemplo considerando o período de 1995-2008, o trabalho por conta deoutrem modificou-se de forma muito intensa e enquanto na média nacional o peso da industria de bens transaccionaveis passou de 39% para 22%, no Norte essa redução foi de 54% para 34%.

Esta lógica de destruição e criação de emprego funcionou de formas diferentes em diferentes sectores, por exemplo enquanto que no têxtil esta redução do número de empresas e empregos foi acompanhado da redução do valor dessas empresas e produtos, na indústria do calçado verificou-se que apesar da redução de emprego houve criação de valor.

No geral, referiu Viera da Silva, o país criou emprego nas areas dos bens e serviços não transaccionáveis comercio, serviços prestados às empresas, areas sociais, saude.
Mas é necessário reorientar uma parte substancial da nossa capacidade de criar riqueza para os bens transaccionáveis já que “é aí que está a capacidade de criar riqueza (…) com niveis mais sustentados”.
Mas alerta que, “a modernização dos sectores económicos, mesmo a inovação na criação de outros sectores económicos, é hoje muito menos criadora de emprego do que era no passado.”, pelo que “a estratégia tem que ser (…) saber que a absorção de muito do emprego libertado tem que passar pela valorização do emprego criado no sector dos bens nao transacionaveis”

Ou seja “precisamos de fortes sectores exportadores que criem riqueza, que criem capacidade de gerar uma procura dirigida aos bens e serviços não transaccionáveis. Aqueles que estão ligados à vida das familias à vida das comunidades, às necessidades de cada um, (…) e que o possam fazer valorizando a dimensão também ela empresarial dessa actividade [que hoje está] muito dependente do financiamento publico”

Tendo em conta este contexto, Vieira da Silva identifica no entanto factores positivos na região que a poderão ajudar a percorrer este caminho:
– regiao tem tradição de espirito empresarial
– soube criar uma rede de capacidade de produção de conhecimento (eixo aveiro-braga)
– região com niveis de acessibilidade incomparavelmente melhor do que tinha à anos atrás
– tem modelo de ordenamento territorial, que tendo problemas, é do ponto de vista económico um instrumento que favorece a criação de novo empreendedorismo e o aparecimento de novos polos de inovação

(Imagem retira do site do Governo Civil de Santarém)

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